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O preço de ser aceita: quando silenciamos a alma para caber no mundo

  • Foto do escritor: Fernanda Priminini
    Fernanda Priminini
  • 11 de jun.
  • 2 min de leitura


Quando comecei a construir minha vida, achei que bastava seguir os passos dos meus pais. Parecia simples: repetir o caminho deles e, assim, garantir o “sucesso” — fosse lá o que isso significasse. Era tão óbvio, que por muito tempo nem me ocorreu questionar.


E claro, sei que a intenção dos pais é sempre a melhor possível. Mas, nessa ânsia de proteger, muitas vezes esquecem de perguntar:

“E você, o que quer?”


Cresci aprendendo a ler as pessoas, a captar nuances em olhares, tons de voz, silêncios. Era como se minha resposta a elas dependesse de algo invisível.

Dentro de mim, algo sussurrava: “O que você quer que eu diga para gostar de mim?”


Na terapia, descobri que esse era o meu mecanismo de defesa: agradar para não ser deixada.

O medo do abandono, mais forte do que qualquer vontade, silenciava a minha verdade.


Por muito tempo, meu sentir não teve espaço.

O importante era ser bem vista, querida, aceita.

E isso me custou tanto...


Hoje, caminho contra a corrente, tentando resgatar o meu próprio valor.

Validar meus sentimentos ainda dói. Parece errado. Egoísta. Quase um ato de rebeldia.

Como assim eu posso sentir raiva? Eu posso ficar triste? E se isso me adoece? Está mesmo tudo bem sentir?


É curioso como buscamos confirmação para isso em tantos lugares — inclusive nos caminhos espirituais.

Sou paradoxal (quem não é?). Busco respostas nas dimensões sutis, mas muitas vezes contesto o que ouço.


E dentro de tantos grupos que já participei, escutei frases como:

“Você precisa vibrar positivo.”

“O ego é o inimigo.”

“Sentimentos negativos te afastam da luz.”


E assim, mais uma vez, fui empurrando para debaixo do tapete tudo o que me doía.

Porque, é claro, eu sentia tudo isso.

Mas expressar? Jamais.

O medo de ser excluída ainda falava mais alto.


Nossa mente tende a repetir padrões — até que um dia algo desperta.

E não, isso não tem a ver com ascensionar.

Tem a ver com ouvir o próprio chamado.

Tem a ver com permitir que todas as partes de nós — luz e sombra — possam existir.


Quando damos espaço para que a dor se manifeste,

abrimos um canal para a Alma.

Damos sentido à vida.

E resgatamos uma parte esquecida que nos ensina a atravessar o caos com coragem:

a sombra.

Tudo aquilo que, por tanto tempo, não foi permitido sentir.


Demorei para entender.

Mas hoje sei:

Há padrões profundos que nos silenciam.

E romper com eles é um ato de amor próprio.


Com amor,

Fernanda Priminini

 
 
 

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