Um novo olhar para América
- Fernanda Priminini
- 6 de ago.
- 3 min de leitura
É impressionante como as fases da vida influenciam diretamente o nosso olhar sobre lugares, pessoas e circunstâncias. Tenho plena consciência de que, há 15 anos, eu jamais pensaria em viajar pela América do Sul. A persona daquela época acreditava que uma boa viagem era para a Europa (sim, admito essa arrogância).
Mas hoje, após seis anos de intensa terapia e autoconhecimento, consigo olhar para aquela Fernanda e dizer: “não, obrigada.”
Não me entendam mal — ainda reconheço as belezas da Europa — mas descobrir que tão perto de mim existe um lugar mágico como o Peru foi uma grata e incrível surpresa.
Toda a minha arrogância e preconceito foram dissolvidos em pura energia vibrante, envolta por uma história que carrega tanta sabedoria e tantos mistérios.

Em junho deste ano (2025), eu e minha mãe finalmente conseguimos aterrissar em terras andinas. (Qualquer dia eu escrevo sobre a epopeia que foi chegar até esse momento — envolveu golpe de agência que não existia, frustração e muita autorreflexão.)
Mas, voltando ao que interessa: Lima é a capital do Peru, banhada pelo Oceano Pacífico, uma metrópole com tudo aquilo que esperamos encontrar — bons restaurantes, museus, bares, vida.
Infelizmente, não conseguimos ver o esplendor dos raios solares iluminando o Pacífico. Os dias estavam chuvosos (o que é raro em Lima — chove apenas 0,4 mm por ano, e provavelmente pegamos esse volume nos dois dias em que ali ficamos...rs).
Chove tão pouco que nem boca de lobo nas ruas existe. Em compensação, há placas de “rota de terremoto e tsunami” por toda a orla — o que é, no mínimo, curioso. E ainda bem, não precisamos utilizá-las.
O Parque del Amor -Parque Alberto Andrade Carmona (foto acima) foi inspirado no Parque Gaudí em Barcelona, foi inaugurado em 14 de fevereiro de 1993 — Dia dos Namorados — como uma celebração do amor em todas suas formas. No centro, ergue-se a icônica escultura “El Beso” — com impressionantes 12 m de largura por 3 m de altura, criada por Víctor Delfín, representando o artista e sua esposa num beijo apaixonado. A obra foi inspirada por casais que observava na orla e teve início como uma maquete de 70 × 35 cm antes de ganhar proporções monumentais.

Meu intuito aqui não é criar um blog de viagens — disso, já temos inúmeros por aí — mas sim compartilhar a experiência de se abrir para algo novo. Poder ressignificar, ampliar o olhar e descobrir que estamos mais conectados do que nunca neste continente chamado América.
Em tempos tão pesados e divisórios, que tentam nos impor fronteiras e separações, olhar para nuestros hermanos é integrar nossa própria história — a história dos povos originários, com sua infinita mescla de culturas. E, ainda assim, manter o respeito e a conexão com a Pachamama, a Mãe Natureza.
Para isso, pretendo dividir esta experiência em vários posts, pois cada lugar que visitei no Peru me despertou algo ímpar. Cusco, Ollantaytambo, Águas Calientes, Machu Picchu, Sacsayhuaman — todos deixaram seu carimbo em minha alma, e quero compartilhar esses momentos.
O Peru é tão vasto em sua beleza geográfica e em seus lugares encantadores, que oito dias não dão nem para o cheiro. Por isso, tenho planos de voltar muitas outras vezes.
Sim — troco tranquilamente uma ida ao Reino Unido por novas jornadas entre os sítios andinos, sem precisar pensar duas vezes.
O Museu Larco é reconhecido mundialmente por abrigar a maior coleção de artefatos incas e pré-incas catalogados (cerca de 45 mil peças). Trata-se de uma instituição particular, pertencente à família Larco — cuja paixão pela arqueologia transformou-se em um verdadeiro deleite para os amantes da história e da cultura andina.
Vale muito a pena o passeio! E, claro — como boa taurina que sou — não posso deixar de indicar o restaurante dentro do museu, com um jardim maravilhoso e uma atmosfera encantadora.
A capital vale, sim, uma visita — mas a melhor parte está, sem dúvida, aos pés das Cordilheiras, onde se encontra uma conexão verdadeira com Pachamama e toda a cultura, ainda muito viva, do povo Inca e pré-inca.
Até a próxima.






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